segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Abaixo da linha da cobrança

Sou do tipo chato no transito e o que mais me aborrece é ver pedestres atravessando próximo a passarelas.

Hoje tive o desprazer de verificar um atropelamento na BR 381, onde passava nos instantes seguintes ao ocorrido, e acabei contribuindo com a sinalização do local. A vítima faleceu instantaneamente e estava disposta sob a sombra de uma passarela.

Alguns kilômetros a frente, embaixo de outra passarela, vi operários construindo uma espécie de mureta para evitar travessias. E pensei: "Será porque precisamos disso?" E o pior é que esta mureta será destruída em breve.

Isso atesta a nossa ignorância como civilização. E é esta cultura que construimos para a nossa sociedade. A de que não se precisa seguir recomendações e regras, salvo quando nos convém. Mas do contrário, gostamos de ver e rever reportagens sobre meninas sendo arremessadas por janelas, outras sobre arrastados por carros e etc, torcendo pela condenação dos "culpados".

Vamos cair na real, somos nós é que construimos esta sociedade que rouba, que joga crianças em lagoas...

Realmente é de se revoltar quando vejo pessoas e mídia atribuindo a culpa aos governantes, implicado numa "falta" de passarelas. Pneus queimando e bloqueando estradas, em protesto, são corriqueiramente observados em diversos locais.

As vezes devemos nos sentir incapazes até de nos indignar com algo, antes de ter certeza que não estamos trocando valores. Se quer cobrar algo, não esteja abaixo da linha da passarela.

Abraço

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A percepção dos valores

Este texto abaixo não é meu, mas gostaria de publicá-lo aqui pela alta compactabilidade que ele tem com minhas idéias sobre o assunto. Fiz apenas algumas adaptações. Assistam o vídeo também.
Enfim, recomendo veementemente uma reflexão. Vai te fazer se sentir melhor.
Abraço, Wendell

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa
e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência foi gravada em vídeo, confira:

http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw,

O vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
A conclusão:
1) estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.
O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?
Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O natal dos esquecidos

Correrei o risco de ser incenssível ao lançar minha reflexão sobre a tragédia de Santa Catarina. Contudo, creio que há muito mais que uma parte específica da sociedade que precisa de nossa ajuda.

Tenho umas roupas usadas em bom estado para doação na minha casa mas percebo que uma tarefa árdua poderá ser a de saber a melhor forma possível de fazer a uma boa ação com elas.

A mídia tem quase que me obrigado a doar aos milhares de desabrigados de Santa Catarina. “Faça como todos, volte seu olhar para eles!”. Mas espere. Como estão as pessoas que todos os anos recebem doações de campanhas que vejo ou até mesmo que faço parte? Este ano elas estão bem? E os asilos, as creches e orfanatos, os abrigos e até mesmo os mendigos?

Esperaria que sim, mas creio que eles estão apenas mais esquecidos. A mídia em torno de uma calamidade natural desviou os olhares de uma calamidade política e social. Contrariamente, nunca se têm recebido tantos emails ou visto tantas empresas se mostrando “solidárias”...

Sendo assim, talvez seria melhor eu esquecer minhas sacolas de doações e ajudar na fundação de uma campanha em prol do que quero chamar de natal dos esquecidos. O slogam poderia ser algo como “nós ainda precisamos”.

Vamos ajudar SC sim, mas que seus donativos sagrados de todo natal sejam ampliados para, no mínimo, satisfazer os que já esperam todo ano. ILUMINE A ESCURIDÃO dos esquecidos!

Feliz Natal, principalmente para eles.

Wendell Fabrício