quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A competição por geólogos no Brasil

O atual panorama da relação geólogo x trabalho no Brasil tem confrontado a Ciência Geológica e colocando em cheque o profissional da nossa área. A descoberta de novos campos de petróleo no território nacional e a crescente demanda por matéria-prima metálica por parte do mercado asiático (sobretudo a China), por exemplo, tem dado novos rumos aos geólogos brasileiros.

O resultado da demanda por minério de ferro por parte da China e a descoberta dos campos de pré-sal é que os profissionais estão migrando em massa para estas áreas, causando um déficit tremendo nas outras áreas da geologia e em outros campos de trabalho que precisam destes profissionais. Para se ter uma dimensão deste panorama, as universidades brasileiras formam hoje cerca de 250 geólogos por ano e o projeto da Petrobrás é contratar cerca de 100 geólogos por ano somente por conta da exploração do pré-sal.

Em recente palestra que assisti sobre o profissional geólogo dentro da empresa, chegou-se a sugerir, como conclusões da palestra (que foi muito boa, por sinal) que aumentasse o número de disciplinas voltadas para a exploração de petróleo (foi dito que é necessário que os geólogos saiam da universidade com uma disciplina sobre descrição de poços de petróleo, ao menos). Isso certamente seria muito ruim para a nossa ciência. Cabe às empresas treinar seus próprios profissionais e cabe às universidades fazer o pesquisador aberto a todos os ramos de nossa ciência.

Se por um lado isso é natural e bom para o mercado nacional, por outro, a tendência é formar cada vez mais geólogos especialistas na área exploratória e menos cientistas nas outras áreas. Pelo menos enquanto existem os recursos! Haja vista, por exemplo, o grande número de recentes publicações sobre o tema do petróleo.

Além do mais, a demanda de geólogos para estas grandes áreas, fará cair o número de geólogos em pequenos empreendimentos (o que, tecnicamente falando é muito negativo) e conseqüentemente abrirá espaços para os novos profissionais em outras áreas.

Wendell Fabrício (Geólogo)