Mineiros chegando em Belém
Saímos de Belo Horizonte no fim da madrugada do dia 14 de janeiro, quinta-feira. O vôo fazia uma conexão em Guarulhos-SP e então partia para Belém, capital do Pará. Chegamos em Belém por volta das 14h no horário local (aqui não se adota o horário de verão). Ao descer do avião já senti um susto com o calor absurdo que faz. Almoçamos e pegamos um taxi para a casa da Natasha, uma colega estudante de geologia que conheci pela internet. Ela havia oferecido nos hospedar em sua casa em Belém, até seguirmos viagem para Muaná, cidade em que estamos morando. Além do mais, precisávamos ficar em Belém pelo menos um dia devido a um encontro meu, marcado com um geólogo professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Precisávamos também comprar algumas coisas para a nossa casa em Muaná.
Fomos muito bem acolhidos na casa da Natasha. Após chegarmos, conversamos por um bom tempo com ela e seu namorado (também geólogo) sobre a universidade e também sobre o município. Logo depois saímos para conhecer um pouco de Belém e andamos bastante a pé. Conhecemos alguns órgãos administrativos, igrejas e pontos turísticos. Belém é uma cidade bastante movimentada, mas bem diferente de Belo Horizonte. Durante o passeio, aprendemos bastante sobre como as coisas funcionam em Belém como transporte, violência urbana, pontos de compras, entretenimento e etc. Comemos uma comida típica daqui e de origem indígena chamada Tacacá (é uma espécie de caldo amarelo tomado numa cuia). Ele tem uma folha que deixa a boca dormente e alguns camarões inteiros boiando.
Chegamos muito cansados, não só pelo passeio, mas também pela viagem e pelas poucas horas dormidas na noite anterior. Ganhamos emprestado um ventilador para colocar em nosso quarto, para combater o calor. Graças a Deus a Flávia tinha comprado um cortinado em BH, pois havia também muitos mosquitos (aqui chamam de carapanã) e nós improvisamos o nosso cortinado num gancho de rede. Mesmo assim acordamos suados e picados.
No outro dia acordamos cedo e fomos para UFPA, onde conversei com o professor que possivelmente irá me orientar no mestrado nesta universidade. Realizei, inclusive, minha inscrição. À tarde saímos pela região central de Belém para comprar algumas coisas básicas para a nossa casa, mas estava difícil. Nenhuma loja faz entrega em Muaná. Eles nem cogitavam entregar aqui e até riam quando perguntávamos. Em uma loja de colchão, conseguimos que entregassem no porto, onde pegaríamos o barco no dia seguinte para Muaná. Ao menos já teríamos onde deitar... Algumas outras coisas compramos numa Loja Americanas através do site da loja. Um vendedor local garantiu que eles entregam em Muaná, mas o prazo era 31 dias úteis, devido à distância. Compramos uma geladeira, uma maquina de lavar e uma TV. O fogão e dois ventiladores nós ganhamos de presente e chegaria direto também. Vai ser um pouco difícil esperar as coisas chegarem, mas parece que vai ser bem legal “nos virarmos” com poucas coisas. Estamos felizes com isso.
Após as compras, acabamos tomando uma chuva muitíssimo forte, o que dizem ser comum por aqui. Tentamos nos abrigar numa banca, mas a ventania não nos deixou ficar secos. Molhados, fomos então para a casa da Natasha e já eram cerca de 19:30h. Tomamos banho e saímos novamente. Pegamos um ônibus errado e, como se não bastasse, o cobrador esqueceu de nos avisar para descer e fomos parar bem mais longe. Tivemos que pegar outro ônibus para voltar e depois mais um pra ir pra casa. Comemos uns pasteis de carne de sol desfiada e a Flávia tomou suco de cupuaçu. O suco é grosso, forte e um pouco azedo, mas gostoso.
O outro dia era o de pegar o barco em Belém e ir para Muaná. Saímos cedo de casa em direção ao porto, mas o barco só saiu às 11h. Estávamos muito eufóricos pela viagem. Ajeitamos nossas malas numa espécie de camarote. O camarote é um pouco mais caro (R$30,00 cada), pois não tínhamos redes para viajar. Nele tinha duas caminhas. O barco se chama Bom Jesus e transporta cerca de 150 pessoas. Foi engraçado ver que tudo que tínhamos estava naquele minúsculo camarote de barco. 2 Mochilas grandes, uma média e três pequenas. Nas mochilas tinham roupas, livros e coisas que ganhamos no casamento. Tinha também uma caixa de papelão com panelas, uma cafeteira, uma garrafa de café e dois travesseirinhos... Já o nosso colchão novo foi no porão do barco.
A viagem de barco para Muaná
A viagem durou pouco mais de 6 horas. Foi um momento muito especial em nossas vidas porque ela tinha um sentido muito maior que uma simples viagem. Estamos mudando de vida, nos isolando num local muito desconhecido no interior da floresta amazônica, onde só se vê, água e selva. Tudo é muito diferente e é difícil acreditar que estamos ainda no Brasil. A saída de Belém representava também uma abdicação do conforto das metrópoles urbanas para viver uma aventura certamente imprevisível. Pensei algumas vezes durante a viagem: “Agora é pra valer. O que planejamos os últimos 60 dias estava realmente acontecendo”.
A paisagem é meio assustadora pra nós pela grande quantidade de água nos rios, onde, durante uma parte da viagem não se vê as margens. Este mundo é realmente muito vasto e somos muito pequenos perante a soberania da natureza. É um sentimento indescritível. Marquei algumas coordenadas com o GPS e em breve farei um mapa da rota que fizemos.
A chegada em Muaná foi muito legal e a primeira coisa que pensei quando o barco ancorou no porto daqui foi que “essa agora é a minha cidade.”
Muaná
Quando chegamos e desembarcamos, pagamos um carregador para levar nossa mudança para a nossa casa. A Flávia foi buscar a chave enquanto eu ajudava a carregar as coisas para o carrinho do carregador. Esse foi nosso caminhão de mudança...
Nos instalamos e logo fomos andar pela cidadezinha. Muaná é como se fosse uma vila. A cidade é confinada por rios e a maioria das casas são feitas nos igarapés, ficando suspensas sobre a água. A cidade é formada por porções pequenas de terra firme circundadas por água. Passa um rio bem grande aqui, mas não tão grande quanto os que dão acesso à cidade. O povo é bastante hospitaleiro e quase não aparecem pessoas de fora. Somos os únicos mineiros em Muaná.
Mesmo com o calor que faz, não é muito fácil tomar banhos frios. Apesar de que nem adianta reclamar porque aqui não tem chuveiro elétrico. O calor daqui é bem diferente porque é associado a altas umidades, produzindo uma sensação de estar em uma sauna. A população daqui, contudo, é bem adequada com o calor. Um detalhe interessante é que aqui o comércio fecha das 12 às 16h. Está um pouco difícil conviver com este calor, estou tomando por volta de três banhos por dia. Muitos lugares têm ar condicionado, mas não creio que seja muito bom pra saúde devido ao choques térmicos sofridos ao sair de um lugar frio. As lentes dos óculos até embaçam.
Tem muitos insetos por aqui. Tem a maioria dos insetos que temos e Minas Gerais, porém de tamanho muito maior. Bom, deve ser mesmo verdade que dizem que a Amazônia tem a maior biodiversidade da Terra.
No domingo, fomos convidados para almoçar numa casa ás margens do Rio Grande. A base da alimentação daqui é o açaí. As pessoas comem açaí em todas as refeições em substituição do arroz e feijão. Nas refeições, o açaí é servido em tigelas, onde se mistura farinha e açúcar. O restante da refeição (basicamente carne e farinha) se como no prato. Por incrível que pareça, eu já me adaptei e acho que dificilmente sentirei falta do arroz com feijão diário. Já a Flávia não come ainda açaí nas refeições grandes (almoço e jantar), mas ela sempre consegue um pouco de arroz e até feijão.
Fomos muito bem recebidos na casa, onde havia várias pessoas. Comemos muito bem dois tipos de peixe, assado e frito. Conversamos bastante e conhecemos uma parte do município de barco. Nadei um pouco no rio. Foi muito agradável. Nos fez querer encontrar uma casa para morar junto ao rio e já estamos analisando os lugares possíveis.
Enfim, está sendo uma bela aventura. Doeu um pouco estar deixando as pessoas que amamos para trás. Às vezes choramos um pouco, mas não estamos arrependidos, pelo contrário, estamos muito felizes porque percebemos que vamos crescer muito aqui. Não se preocupem, estamos bem e felizes.
OBS 1: NÃO ESTOU CONSEGUINDO COLOCAR UMAS FOTOS AQUI DEVIDO À VELOCIDADE DA INTERNET. VAMOS TENTAR ADQUIRIR UMA INTERNET PRA NOSSA CASA, MAS AINDA NÃO SABEMOS MUITO BEM COMO. ALGUMAS FOTOS TENTAREI COLOCAR NO ORKUT, MAS ACHO QUE NÃO CONSEGUIREI HOJE.
OBS 2: NOSSO TELEFONE AQUI É (91)9158 8889. ELE É DA VIVO E TEMOS UNS BONUS DE MENSAGENS PARA TODO O BRASIL.
Um abraço
Wendell Fabrício
18/01/2010
6 comentários:
Wendell,
Pode deixar, vou mandar uns sacos de arroz e de feijao pra vocês qd receber o pagamento do proximo serviço. (meu presente de casamento ok?!)
Dois: Vai voltar bombado dai hein de tanto açai. Vai ser legal de chamar de Wendel Maromba!!!
To impressionado como e longe essa cidadezinha sua...acabei de olhar no mapa agora!!! PQP!!!
Depois posta o endereço de voces ai ok?!
P.S: Vou mandar tb uma raquetezinha de matar mosquitos...vcs vao se divertir!!!
hahaha.. os presentes do Fafá serão muito úteis..
Fiquei muito feliz em ver que vocês estão gostando de tudo ai!
Boa sorte!
Felicidades e sucesso!!!
Beijos
Nó!.. NO LIMITE 3? heheh, todo arroz com feijao recebido tem que ser gasto com sabedoria! :) Foi engraçado ler tudo isso, eu fui imaginando. Muito legal. Legal mesmo.
Felicidades a vocês!
Abraços!
Opa...
Alguém levou minhas tigelinhas?
Vão ser boas pro Açaí...
Wendell, adoro a forma como você narra tudo...
Fica fantástico!
Boa sorte!
P.s.: O comentário do Fabrício foi ótimo! Concordo com a raquete! hihihi
É, Wendell
depois que chegar a raquete que o Fabricio te deu, e vcs foram felizes para sempre com este presente comece a pensar num livro.
AS AVENTURAS DE DOIS ESCOTEIROs EM MUANÁ
Parabéns, meu presidente
FELICIDADE, SORTE E UM GRANDE ABRAÇO NA PROTAGONISTA DESTA SUA AVENTURA flavinha
Abraço
SEMPRE ALERTA
Postar um comentário