Há nove anos estive procurando algo que não sabia bem o que era, espiritualmente falando. A princípio, pensava eu que procurava uma religião e, durante alguns meses, procurei uma que eu me pudesse “acomodar”. Queria estar satisfeito com meu espírito?
Bom, acredito que nascemos com uma inclinação natural para crer em alguma coisa que possa dar esperança que “tudo ficará bem” e precisamos alicerçar esta condição. É uma natural necessidade de estar sob a segurança de um ser protetor-maior. Em outras palavras, todos queremos estar seguros de que nossa fé valha a pena e é aí vejo que o que eu buscava, há nove anos, era a verdade. Então conheci a Cristo.
A partir daí eu busquei uma causa intelectualmente defensável a favor do cristianismo porque queria sustentar minha religião perante mim mesmo. Eu consegui. Realmente há razões para crer. Mas como sustentar a minha fé? Minha cabeça fora satisfeita, mas meu coração ansiava algo mais. Embora eu tivesse encontrado lógica na minha teologia, ela, por si só, não sustentava as pernas do meu espírito.
Hoje eu percebo que estou muito perto de Deus quando estou diante das coisas que Ele carinhosamente criou. Entendo que o estado reflexivo que tenho quando estou diante de um rio calmo e sinuoso que não tem pressa para chegar ao seu destino ou tocando o orvalho depositado em uma folha é um majestoso contato com o criador, que ali se revela. É lindo!
Um abraço fraterno
Wendell Fabrício
“A maioria dos pescadores passa a vida inteira sem saber que não estão atrás de um peixe”. Thoreau
domingo, 14 de novembro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
A competição por geólogos no Brasil
O atual panorama da relação geólogo x trabalho no Brasil tem confrontado a Ciência Geológica e colocando em cheque o profissional da nossa área. A descoberta de novos campos de petróleo no território nacional e a crescente demanda por matéria-prima metálica por parte do mercado asiático (sobretudo a China), por exemplo, tem dado novos rumos aos geólogos brasileiros.
O resultado da demanda por minério de ferro por parte da China e a descoberta dos campos de pré-sal é que os profissionais estão migrando em massa para estas áreas, causando um déficit tremendo nas outras áreas da geologia e em outros campos de trabalho que precisam destes profissionais. Para se ter uma dimensão deste panorama, as universidades brasileiras formam hoje cerca de 250 geólogos por ano e o projeto da Petrobrás é contratar cerca de 100 geólogos por ano somente por conta da exploração do pré-sal.
Em recente palestra que assisti sobre o profissional geólogo dentro da empresa, chegou-se a sugerir, como conclusões da palestra (que foi muito boa, por sinal) que aumentasse o número de disciplinas voltadas para a exploração de petróleo (foi dito que é necessário que os geólogos saiam da universidade com uma disciplina sobre descrição de poços de petróleo, ao menos). Isso certamente seria muito ruim para a nossa ciência. Cabe às empresas treinar seus próprios profissionais e cabe às universidades fazer o pesquisador aberto a todos os ramos de nossa ciência.
Se por um lado isso é natural e bom para o mercado nacional, por outro, a tendência é formar cada vez mais geólogos especialistas na área exploratória e menos cientistas nas outras áreas. Pelo menos enquanto existem os recursos! Haja vista, por exemplo, o grande número de recentes publicações sobre o tema do petróleo.
Além do mais, a demanda de geólogos para estas grandes áreas, fará cair o número de geólogos em pequenos empreendimentos (o que, tecnicamente falando é muito negativo) e conseqüentemente abrirá espaços para os novos profissionais em outras áreas.
Wendell Fabrício (Geólogo)
O resultado da demanda por minério de ferro por parte da China e a descoberta dos campos de pré-sal é que os profissionais estão migrando em massa para estas áreas, causando um déficit tremendo nas outras áreas da geologia e em outros campos de trabalho que precisam destes profissionais. Para se ter uma dimensão deste panorama, as universidades brasileiras formam hoje cerca de 250 geólogos por ano e o projeto da Petrobrás é contratar cerca de 100 geólogos por ano somente por conta da exploração do pré-sal.
Em recente palestra que assisti sobre o profissional geólogo dentro da empresa, chegou-se a sugerir, como conclusões da palestra (que foi muito boa, por sinal) que aumentasse o número de disciplinas voltadas para a exploração de petróleo (foi dito que é necessário que os geólogos saiam da universidade com uma disciplina sobre descrição de poços de petróleo, ao menos). Isso certamente seria muito ruim para a nossa ciência. Cabe às empresas treinar seus próprios profissionais e cabe às universidades fazer o pesquisador aberto a todos os ramos de nossa ciência.
Se por um lado isso é natural e bom para o mercado nacional, por outro, a tendência é formar cada vez mais geólogos especialistas na área exploratória e menos cientistas nas outras áreas. Pelo menos enquanto existem os recursos! Haja vista, por exemplo, o grande número de recentes publicações sobre o tema do petróleo.
Além do mais, a demanda de geólogos para estas grandes áreas, fará cair o número de geólogos em pequenos empreendimentos (o que, tecnicamente falando é muito negativo) e conseqüentemente abrirá espaços para os novos profissionais em outras áreas.
Wendell Fabrício (Geólogo)
domingo, 26 de setembro de 2010
Abaixo às pesquisas de intenção de voto
Tenho pensado sobre como a divulgação de pesquisas estatísticas para intenção de voto influencia no resultado das eleiçoes. De fato, muitos votos são dados ou deixados de dar a determinado candidato em detrimento dos resultados destas pesquisas.
Os órgãos e empresas de notícias utilizam essas pesquisas para fazer capital, vendendo jornais e conquistando espectadores em rádio e televisão. E certamente esse é o unico objetivo deles, se beneficiando da liberade de expressão e de nossa "extrema" necessidade em saber quem provavelmente "ganhará as eleições". Reles curiosos que somos.
Temos, então, uma eleição pouco secreta no que tange aos resultados finais e nós saimos satisfeitos em participar de um processo não tão democrático quanto parece.
Como se pode facilmente constatar, muitas campanhas eleitorais veiculadas na mídia utlizam argumentos apoiados nestas chamadas pesquisas de intenção de voto como se a opinião de outros eleitores devesse influenciar em nossa decisão. Porque um candidato que está liderando uma pesquisa de intenção precisa ficar repetindo isso em suas propagandas, em lugar de divulgar suas propostas de mandato? A resposta: Porque ele sabe que muitas pessoas manterão firmes sua decisão de votar neles e muitas outras também votarão em virtude do medo que tem de "perder" seu voto. E assim nossa atenção é desviada.
Eu mesmo já ouvi algumas vezes coisas do tipo: " Eu não voto no fulano porque sei que ele não vai ganhar". E sabe mesmo, mas pra que saber isso? Eis o ponto que quero colocar em tudo isso.
Porque saber os provaveis resultados (sabemos que é muito raro uma pesquisa estatística correta falhar, aceitando as devidas margens de erro) da eleição se teremos 4 anos para conviver com isso depois?
Por isso que defendo a bandeira de não responder entrevistas sobre intenção de voto e de alguma forma torço para que elas não existissem. Ilumine a escuridão e tente não ser manipulado.
Um abraço
Wendell Fabrício
Os órgãos e empresas de notícias utilizam essas pesquisas para fazer capital, vendendo jornais e conquistando espectadores em rádio e televisão. E certamente esse é o unico objetivo deles, se beneficiando da liberade de expressão e de nossa "extrema" necessidade em saber quem provavelmente "ganhará as eleições". Reles curiosos que somos.
Temos, então, uma eleição pouco secreta no que tange aos resultados finais e nós saimos satisfeitos em participar de um processo não tão democrático quanto parece.
Como se pode facilmente constatar, muitas campanhas eleitorais veiculadas na mídia utlizam argumentos apoiados nestas chamadas pesquisas de intenção de voto como se a opinião de outros eleitores devesse influenciar em nossa decisão. Porque um candidato que está liderando uma pesquisa de intenção precisa ficar repetindo isso em suas propagandas, em lugar de divulgar suas propostas de mandato? A resposta: Porque ele sabe que muitas pessoas manterão firmes sua decisão de votar neles e muitas outras também votarão em virtude do medo que tem de "perder" seu voto. E assim nossa atenção é desviada.
Eu mesmo já ouvi algumas vezes coisas do tipo: " Eu não voto no fulano porque sei que ele não vai ganhar". E sabe mesmo, mas pra que saber isso? Eis o ponto que quero colocar em tudo isso.
Porque saber os provaveis resultados (sabemos que é muito raro uma pesquisa estatística correta falhar, aceitando as devidas margens de erro) da eleição se teremos 4 anos para conviver com isso depois?
Por isso que defendo a bandeira de não responder entrevistas sobre intenção de voto e de alguma forma torço para que elas não existissem. Ilumine a escuridão e tente não ser manipulado.
Um abraço
Wendell Fabrício
sábado, 11 de setembro de 2010
Novas aventuras e projetos em Muaná
Olá,
Já há muito que não mando noticias, mas jamais esquecemos de todos voces. Pelo contrário, muitas vezes a saudade é ferrenha.
Por aqui está tudo bem, graças a Deus. Entreguei umas turmas na escola que dou aula pra liberar tempo para outras coisas que estou fazendo. Agora eu passei de 13 para 8 turmas. Estou me empenhando mais aqui no polo de ensino a distancia e estou implementando meu projeto social aqui na cidade, com malabarismo.
Malabarismo em Muaná: Após realizar minha primeira apresentação por aqui, as noticias correram e o pessoal da secretaria de assistencia social, juntamente com a primeira-dama daqui me procurou pra eu fazer parte da secretaria com eles. Já estou escrevendo o projeto pra compra de materiais e ajustes gerais. Já tenho o local: que é um clube antigo, mas que tem um galpão grande e uma piscina de 25m que quero usar no projeto.
Hitórias engraçadas: 1) Fui comprar pastel de camarão numa festinha municipal que teve aqui há uns dias atras. A moça colocou os pasteis em um pratinho e eu disse: "Tem guardanapo?". A moça fez uma cara de indagação, como se fosse contestar minha solicitação, mas decidiu me atender, me trazendo um pano de prato. 2) Ha alguns dias eu fiz uma confusão total com relação ao nome da nossa "carne moída". Ao inves de pedir a secretária (doméstica) de casa pra fazer picadinho (o nome correto por aqui), pedi pra fazer "raladinho".
Ida a MG ainda esta semana: Na ultima sexta feira recebi a ligação de um pessoal de uma outra empresa de mineraçao pedindo pra eu comparecer ao polo de BH deles e me oferecendo um cargo na área de prospecção mineral (que quer dizer, basicamente, localização e avaliação de depositos minerais). Porém, chego na sexta mas só fico até segunda pela manha. Qualquer coisa, liguem na minha casa neste período.
Enfim, algumas fotos dos ultimos dias por aqui foram postadas no orkut. As fotos são aqui de Muaná, numa pequena ilha a uns 40 min de barco de onde estamos.
Abraços
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Soure - Marajó - Pará
Nos últimos dias 3 a 6 visitamos a cidade mais famosa aqui da Ilha de Marajó: Soure, que fica no leste da mesma. Apesar de ser na ilha que moramos (de fato a Ilha de Marajó é um arquipélago com centenas de ilhas menores) o acesso é um pouco complicado. Partimos de Muaná e enfrentamos umas 8 horas de barco até um porto em Belém, onde pegamos outro barco e lá se vão mais 4 horas até Salvaterra, já na Ilha de Marajó novamente. Depois pegamos uma van, que percorre uns 40min de estrada, entra numa balsa e segue mais um trecho fluvial até a cidade de Soure.
Vale muito a pena pela paisagem. De fato, o ambiente amazônico é uma coisa que quase nos enlouquece e somos muito gratos por termos vindo para cá, não só por ser bonito, mas imponente. Faz-nos sentir pessoas melhores e paradoxalmente menores. Tudo é muito grande, inclusive os rios.
Soure é a cidade dos búfalos, muitos vagam pelas ruas como cães abandonados, outros são usados como montaria (inclusive a polícia), além de produtores de carne e leite. Apesar de ser um animal que aceita ser domado, muitos são selvagens e é bom não se aproximar muito deles. Devo registrar que tanto o queijo quanto a carne de búfalo são muito bons.
Apesar de ser Marajó, é bem diferente de Muaná. A vegetação é de menor porte e tem muitas praias. Visitamos duas delas e realmente não dá pra acreditar que a água é doce e tive que beber um pouco (exatamente como nós, mineiros, fazemos quando vamos pela primeira ao mar). Além de não se enxergar a outra margem do rio, a areia, os coqueiros e as ondas nos trazem a lembrança de uma praia marítima comum.
Perto de uma das praias encontrei um pequeno rio e tinha um garoto local gangorrando em uma corda sobre o mesmo e não resisti em tentar. A primeira vez foi excelente, mas quando decidi subir na árvore para aumentar a velocidade, acabei ficando alto demais (desproporcionalmente a profundidade do rio) e acabei machucando o pé na queda. Desde aquele dia estou perneta!
Nossa meta é aproveitar o próximo feriado para conhecer a cidade de Breves, que fica no outro lado da ilha e dizem que é bem diferente. De fato é muito mais longe e precisaremos de uns dias a mais.
Abraço
Vale muito a pena pela paisagem. De fato, o ambiente amazônico é uma coisa que quase nos enlouquece e somos muito gratos por termos vindo para cá, não só por ser bonito, mas imponente. Faz-nos sentir pessoas melhores e paradoxalmente menores. Tudo é muito grande, inclusive os rios.
Soure é a cidade dos búfalos, muitos vagam pelas ruas como cães abandonados, outros são usados como montaria (inclusive a polícia), além de produtores de carne e leite. Apesar de ser um animal que aceita ser domado, muitos são selvagens e é bom não se aproximar muito deles. Devo registrar que tanto o queijo quanto a carne de búfalo são muito bons.
Apesar de ser Marajó, é bem diferente de Muaná. A vegetação é de menor porte e tem muitas praias. Visitamos duas delas e realmente não dá pra acreditar que a água é doce e tive que beber um pouco (exatamente como nós, mineiros, fazemos quando vamos pela primeira ao mar). Além de não se enxergar a outra margem do rio, a areia, os coqueiros e as ondas nos trazem a lembrança de uma praia marítima comum.
Perto de uma das praias encontrei um pequeno rio e tinha um garoto local gangorrando em uma corda sobre o mesmo e não resisti em tentar. A primeira vez foi excelente, mas quando decidi subir na árvore para aumentar a velocidade, acabei ficando alto demais (desproporcionalmente a profundidade do rio) e acabei machucando o pé na queda. Desde aquele dia estou perneta!
Nossa meta é aproveitar o próximo feriado para conhecer a cidade de Breves, que fica no outro lado da ilha e dizem que é bem diferente. De fato é muito mais longe e precisaremos de uns dias a mais.
Abraço
Cerveja e Copa do Mundo
Abaixo as propagandas de cerveja que circulam na mídia. A estratégia de marketing adotada pelos fabricantes de bebidas é ridícula e claramente chama o consumidor de idiota. E o pior é que funciona.
Beber determinada marca de cerveja fará você conquistar instantaneamente várias mulheres bonitas. Uma outra cerveja é bebida apenas por pessoas trabalhadoras e guerreiras (que devem beber em plena quarta-feira). Creio que, infelizmente, em determinadas épocas, 30 a 40% de todas as propagandas são sobre bebidas alcoólicas e absolutamente nenhuma delas toma conhecimento da inteligência do consumidor. São todas do mesmo tipo, independente da marca.
Recentemente assisti a um documentário muito bom sobre os males causados pelo cigarro. Este documentário teve foco nas estratégias de marketing que os fabricantes de tabaco usavam, associando o fumo a pessoas bem sucedidas e famosas. Ultimamente a mídia tem fechado o cerco contra esses fabricantes e hoje quase não existe comercial de cigarros. Nem se vê mais as marcas de cigarros como patrocinadores de eventos esportivos, no ímpeto de desassociar o fumo ao esporte. O que se vê é um futuro ruim para os fabricantes de cigarro, mas e para os fabricantes de bebidas, que representa bilhões no mercado mundial?
De fato, os boicotes aos produtores de tabaco se deram pelo aumento do numero de câncer e um argumento que vi no documentário é que o cigarro matou mais no século passado que todas as guerras somadas. Mas porque, sob o mesmo argumento, não se condena os fabricantes de bebida?
Mas eu te pergunto: A bebida não mata muito mais que o tabaco? Nesta conta, ainda não estou inserindo os que morrem indiretamente pelo álcool, como nos vários casos de crimes cometidos sob o efeito alcoólicos ou pelos acidentes de trânsito.
Voltando ao assunto das propagandas, o que mais me indigna são os comerciais de cerveja associadas à Copa do Mundo. Algumas delas trazem uma imagem de que os próprios jogadores obtiveram sucesso na carreira por beberem. As mais apelativas são alusivas a uma cerveja nacional dita como patrocinadora da competição, onde jogadores do Brasil mostram que possuem garra e vencem desafios como todos aqueles que beberem a mesma. Será que, se eu beber bastante antes da peladinha de amanha, farei muitos gols também? Ilumine a escuridão!
Um abraço
Beber determinada marca de cerveja fará você conquistar instantaneamente várias mulheres bonitas. Uma outra cerveja é bebida apenas por pessoas trabalhadoras e guerreiras (que devem beber em plena quarta-feira). Creio que, infelizmente, em determinadas épocas, 30 a 40% de todas as propagandas são sobre bebidas alcoólicas e absolutamente nenhuma delas toma conhecimento da inteligência do consumidor. São todas do mesmo tipo, independente da marca.
Recentemente assisti a um documentário muito bom sobre os males causados pelo cigarro. Este documentário teve foco nas estratégias de marketing que os fabricantes de tabaco usavam, associando o fumo a pessoas bem sucedidas e famosas. Ultimamente a mídia tem fechado o cerco contra esses fabricantes e hoje quase não existe comercial de cigarros. Nem se vê mais as marcas de cigarros como patrocinadores de eventos esportivos, no ímpeto de desassociar o fumo ao esporte. O que se vê é um futuro ruim para os fabricantes de cigarro, mas e para os fabricantes de bebidas, que representa bilhões no mercado mundial?
De fato, os boicotes aos produtores de tabaco se deram pelo aumento do numero de câncer e um argumento que vi no documentário é que o cigarro matou mais no século passado que todas as guerras somadas. Mas porque, sob o mesmo argumento, não se condena os fabricantes de bebida?
Mas eu te pergunto: A bebida não mata muito mais que o tabaco? Nesta conta, ainda não estou inserindo os que morrem indiretamente pelo álcool, como nos vários casos de crimes cometidos sob o efeito alcoólicos ou pelos acidentes de trânsito.
Voltando ao assunto das propagandas, o que mais me indigna são os comerciais de cerveja associadas à Copa do Mundo. Algumas delas trazem uma imagem de que os próprios jogadores obtiveram sucesso na carreira por beberem. As mais apelativas são alusivas a uma cerveja nacional dita como patrocinadora da competição, onde jogadores do Brasil mostram que possuem garra e vencem desafios como todos aqueles que beberem a mesma. Será que, se eu beber bastante antes da peladinha de amanha, farei muitos gols também? Ilumine a escuridão!
Um abraço
quarta-feira, 31 de março de 2010
Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade
Luis,
Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.
Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!
Pois é. Tô pensando em mudá aí com você.
Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigos aí na cidade. Tô vendo todo mundo falá que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.
Veja só. O sítio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estudá) fica só a meia hora aí da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falô que tenho que fazê uma outorga e pagá uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falô deve ser verdade.
Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falô que se o Juca fosse ordenhá as 5:30 tinha que recebê mais, e não podia trabalhá sábado e domingo (mas as vaca não param de fazê leite no fim de semana). Também visitô a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodí (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.
Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?
Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.
Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhorô. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protegê o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multô, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.
O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?
Agora, a água do poço posso pagá, mas tô preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabô .... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo aí da tua terra.
Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige!! Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tiráa, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu aí do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mês, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova Lei vai dá multa de R$ 500,00 a R$ 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por R$ 500,00 e vi que perco o sítio em uma semana. Então é melhor vendê, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa aí. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nóis.
E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sítio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e aí na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.
Até Luis.
Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.
Autor: Luciano Pizzatto
Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.
Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!
Pois é. Tô pensando em mudá aí com você.
Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigos aí na cidade. Tô vendo todo mundo falá que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.
Veja só. O sítio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estudá) fica só a meia hora aí da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falô que tenho que fazê uma outorga e pagá uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falô deve ser verdade.
Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falô que se o Juca fosse ordenhá as 5:30 tinha que recebê mais, e não podia trabalhá sábado e domingo (mas as vaca não param de fazê leite no fim de semana). Também visitô a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodí (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.
Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?
Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.
Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhorô. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protegê o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multô, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.
O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?
Agora, a água do poço posso pagá, mas tô preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabô .... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo aí da tua terra.
Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige!! Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tiráa, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu aí do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mês, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova Lei vai dá multa de R$ 500,00 a R$ 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por R$ 500,00 e vi que perco o sítio em uma semana. Então é melhor vendê, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa aí. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nóis.
E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sítio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e aí na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.
Até Luis.
Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.
Autor: Luciano Pizzatto
sexta-feira, 5 de março de 2010
"Eu era feliz e não sabia"
Tarde de domingo na praça, você encontra um amigo dos tempos antigos de escola e é inevitável não começar a lembrar das divertidas histórias dos tempos passados. Como isso é bom! Como é bom se deliciar de acontecimentos e épocas em que nos orgulhamos de ter participado, mesmo distantes no tempo. E, ainda, parece que quanto mais tempo passa, melhores ficam as histórias. E comumente acontece que, como os detalhes vão sendo esquecidos e ficando longínquos na mente, eles dão lugares a outros, mais emocionantes.
Mentiras? Bom, até certo ponto não, porque na busca de relembrar e no espírito de se orgulhar, os detalhes neutros ou até mesmo negativos vão sendo substituídos, quase involuntariamente. Psicologicamente isso deve ser natural da mente humana, mesmo podendo ser ruim.
“Eu era feliz e não sabia”. Uma das mais antigas expressões populares que imagino existir. Pesquisando, facilmente encontraremos várias músicas, narrativas e poemas que têm estes dizeres em seu texto. Já faz um bom tempo que ela entrou para minha lista negra de expressões populares e dias atrás desenvolvi melhor um raciocínio para “combatê-la”, digamos.
Analise a situação do encontro de domingo à tarde na praça, supramencionada. Histórias ficam “melhores” do que os acontecimentos presentes. Ampliando ainda mais, podemos dizer que momentos passados tendem a se parecerem melhores que os presentes e isso faz com que muitos de nós reclamemos do mesmo, colocando o passado como referência de época mais feliz.
Então, generalizando para outras situações, não nos damos conta de uma questão importante: Em geral, temos facilidade em ver os problemas e defeitos enquanto estamos convivendo com eles, ao passo que esquecemos os mesmos em tempos passados. Nesse caso, o que fazemos muitas vezes, é um desleal confronto dos tempos passados, recheados de qualidades, com o tempo presente, em que insistimos em enxergar mais os defeitos. E isso é claramente um ciclo vicioso, posto que o presente vá se tornar também um passado. Ilumine sua escuridão e tente enxergar mais os problemas do passado, para possíveis melhoramentos presentes e valorização do mesmo.
No mais, é bom poder voltar a compartilhar algumas filosofias, mesmo sabendo são que malucas para alguns (ou a maioria. Ou todos...).
Abraço
Wendell Fabrício
Mentiras? Bom, até certo ponto não, porque na busca de relembrar e no espírito de se orgulhar, os detalhes neutros ou até mesmo negativos vão sendo substituídos, quase involuntariamente. Psicologicamente isso deve ser natural da mente humana, mesmo podendo ser ruim.
“Eu era feliz e não sabia”. Uma das mais antigas expressões populares que imagino existir. Pesquisando, facilmente encontraremos várias músicas, narrativas e poemas que têm estes dizeres em seu texto. Já faz um bom tempo que ela entrou para minha lista negra de expressões populares e dias atrás desenvolvi melhor um raciocínio para “combatê-la”, digamos.
Analise a situação do encontro de domingo à tarde na praça, supramencionada. Histórias ficam “melhores” do que os acontecimentos presentes. Ampliando ainda mais, podemos dizer que momentos passados tendem a se parecerem melhores que os presentes e isso faz com que muitos de nós reclamemos do mesmo, colocando o passado como referência de época mais feliz.
Então, generalizando para outras situações, não nos damos conta de uma questão importante: Em geral, temos facilidade em ver os problemas e defeitos enquanto estamos convivendo com eles, ao passo que esquecemos os mesmos em tempos passados. Nesse caso, o que fazemos muitas vezes, é um desleal confronto dos tempos passados, recheados de qualidades, com o tempo presente, em que insistimos em enxergar mais os defeitos. E isso é claramente um ciclo vicioso, posto que o presente vá se tornar também um passado. Ilumine sua escuridão e tente enxergar mais os problemas do passado, para possíveis melhoramentos presentes e valorização do mesmo.
No mais, é bom poder voltar a compartilhar algumas filosofias, mesmo sabendo são que malucas para alguns (ou a maioria. Ou todos...).
Abraço
Wendell Fabrício
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Feriado de carnaval
Origem: Muaná
Destino: Ilha Algodoal-Pa
Pegamos o barco de Muaná as 23h com destino a Belém. Como não reservamos o "camarote" tivemos que viajar de rede. Foi realmente "punk". Não conseguimos dormir pois as redes balançam muito na viagem (mais de 30º para cada lado). Chegamos em Belém as 5:37h e fomos fazer meu exame de ressonancia magnetica do ombro.
De belém, pegamos uma van e quatro horas depois descemos em Marudá-PA. Depois era só pegar outro barquinho e chegar, apos 50 minutos, à Ilha Algodoal.
Algodoal é uma ilha no oceano atlântico que tem uns 10km de raio (bem pequena) e tem uma paisagem impressionante. As praias são um pouco desertas e o transporte no interior da ilha é feito de carroças. São varios carroceiros. Mas poucas vezes, entre os translados, utilizamos o "arrego da carroçinha".
A ilha tem muita selva com água doce e muitas dunas. Não conseguiamos parar de pensar num acampamento escoteiro lá. Perfeito para uma atividade. Depois quero divulgar algumas das muitas fotos que tiramos.
Abraço
Wendell
Destino: Ilha Algodoal-Pa
Pegamos o barco de Muaná as 23h com destino a Belém. Como não reservamos o "camarote" tivemos que viajar de rede. Foi realmente "punk". Não conseguimos dormir pois as redes balançam muito na viagem (mais de 30º para cada lado). Chegamos em Belém as 5:37h e fomos fazer meu exame de ressonancia magnetica do ombro.
De belém, pegamos uma van e quatro horas depois descemos em Marudá-PA. Depois era só pegar outro barquinho e chegar, apos 50 minutos, à Ilha Algodoal.
Algodoal é uma ilha no oceano atlântico que tem uns 10km de raio (bem pequena) e tem uma paisagem impressionante. As praias são um pouco desertas e o transporte no interior da ilha é feito de carroças. São varios carroceiros. Mas poucas vezes, entre os translados, utilizamos o "arrego da carroçinha".
A ilha tem muita selva com água doce e muitas dunas. Não conseguiamos parar de pensar num acampamento escoteiro lá. Perfeito para uma atividade. Depois quero divulgar algumas das muitas fotos que tiramos.
Abraço
Wendell
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Escoteiros em Muaná
Ser escoteiro é bom demais! Agente acaba pegando um espírito de aventura e praticidade ferrenhos. Estar num ambiente diferente, onde se tem que adaptar a tudo e a todos é colocar em pratica o que se aprende nas atividades do grupo escoteiro.
Ultimamente temos cozinhado em casa, pois cansamos de comer no único restaurante da cidade (na verdade tem mais dois, mas não estão funcionando). O pior é que lá se serve a mesma comida todos os dias, variando apenas a carne. Como não temos fogão em casa ainda, resolvi montar uma espécie de fogareiro com latinhas e álcool. E ficou melhor que fogão (uma foto em anexo). Dá aquele prazer de preparar comida em acampamento. E é melhor também que usar a cafeteira pra cozinhar algumas coisas, como estávamos fazendo antes.
Domingo fomos chamados para passar o dia numa casa na beira do Rio Muaná. Comemos muitas espécies de carne (frango, carne de boi, camarão...) mas não quisemos comer aperemba (o nome de uma tartaruga que tem aqui). O que atrapalhou nem foi o aspecto de carne de ostra que tinha, mas a forma como é preparada. Ela é colocada em uma panela grande de pressão com a água já fervente e é cozida por cerca de 30 minutos. É um pouco triste, mas na cultura daqui isso é normal. Aqui é muito comum comerem toda espécie de quelônios como tartaruga, tracajá, jabuti...
O que estou fazendo é aprendendo a pescar camarão. Logo, pretendo praticar e ficar muito bom nisso.
As pessoas daqui são muito ligadas com a cultura imposta pela selva amazônica e são muito orgulhosas por viverem aqui. Conversar com eles traz um sentimento muito bom que nem consigo descrever. Mas este tempo todo tem me feito pensar bastante em como Deus cuida dos homens e como cada homem tem sua forma de interagir com a natureza.
Vi também que as pessoas ficam perplexas em ver as noticias recentes de alagamentos, desabamentos e mortes pelo Brasil afora. Aqui é alagado o tempo todo e ninguém morre. Segundo palavras de um morador, "aqui nós sabemos a respeitar a natureza e não construímos onde sabemos que pode nos trazer riscos".
Estou fazendo amizades rapidamente e estou sondando um lugar para acampar onde eu possa ficar isolado e com segurança. Eu vou acampar numa ilhota que fica perto da minha casa, mas preciso de um barco para me levar até lá. Estou analisando algumas coisas de segurança apenas (animais e essas coisas), mas está tudo tranquilo.
Tenho também propostas para viajar até um lugar para pescar. Não sei bem onde é, mas tem um sitio lá e parece ser bem tranquilo.
Em tempo: Fui convidado pela SAAE (a "COPASA" do Pará) para uma reunião para integrar uma equipe de saneamento do município. Pude também colaborar com informações geológicas para a construção de novos poços de captação de água e semana que vem sairei com o diretor da empresa para visitar os poços já existentes.
Meus planos de mestrado se frustraram, pois não atingi o nível padrão em conhecimentos na lingua inglesa. Isso até que foi bom, pois eu ia ver a Flávia somente nos fins de semana durante quase quatro meses. Vou fazer um curso de especialização em recursos hídricos e geologia ambiental na UFPA (a distancia, onde irei esporadicamente na universidade) que dura um ano e meio.
Saudades
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Acomodações e novidades
Passadas as primeiras impressões da nova vida no Pará, a primeira coisa que se consolida é o sentimento de que não foi apenas uma viagem. As coisas aconteceram tão rapidamente (mudança de planos, casamento e estado novo) que a mente ainda insistia em não acreditar. È como se a lei da inércia valesse também para o cérebro, que não atualiza as informações mediante o acontecimento das coisas.
Alguns têm perguntado sobre as condições de nossa moradia. Bom, ainda não chegaram as coisas que compramos e pagamos o frete. Isso tem sido interessante, porque temos que improvisar várias coisas.
A nossa casa tem apenas um colchão, um ventilador, uma cafeteira, um notebook e umas coisas menores. Isso permite fazer combinações interessantes como usar a caixa do ventilador como mesa e fazer macarrão na cafeteira (e pode acreditar que ficou muito bom). Estivemos em Belém no fim de semana e trouxemos conosco uma mesa, mas não foi muito seguro porque ela vem no barco junto com tudo o que se possa imaginar que as pessoas trazem (é até interessante olhar a cidade e ver que praticamente tudo aqui veio de barco um dia).
Nesta ultima ida a Belém, a opção de viagem era apenas noturna. Saímos de Muaná às 20h. Segundo palavras do próprio comandante do barco, “ a chegada em Belém está prevista para as 02h, mas caso o rio não esteja muito bom, agente pára em Barcarena e continua viagem mais tarde. Neste caso chegaremos em Belém as 08h”. Ressalto que a viagem não é perigosa, a embarcação está em excelente estado de conservação, com todas as orientações de segurança, coletes salva-vida e etc. É importante frisar aos mais preocupados!
Em Belém além de comprar a mesa, fomos ao dentista e eu fiz uma prova de inglês na universidade. Passeamos bastante com nossos amigos geólogos, os quais mencionei no primeiro texto. Conforme prometi a eles após lerem o primeiro texto e reclamarem, Belém é uma cidade bem diferente de Muaná. É uma metrópole com muitos prédios altos, shopping centers, e tudo o que uma cidade grande tem. Pediram para que eu informasse também que lá as “pessoas não tropeçam em jacarés” conforme eles mesmos falaram que nós, do sul e sudeste brasileiro achamos. Eu ri muito ao escrever isso.
Os paraenses que nos conhecem sempre dizem que somos facilmente identificados pelo sotaque. Todo mundo já sabe que somos “de fora” quase que antes de falarmos. “Égua, mas tu num é daqui não é?” Já conseguimos, com os amigos de Belém um dicionário com as expressões que os paraenses mais falam. Ele é mais útil pra mim, visto que a Flávia sabe bem mais que eu sobre o significado das expressões que eles falam. Eu sempre fico sem entender metade das expressões.
Em tempo, desculpem não estar dando muita atenção aos emails ou estar demorando bastante para respondê-los. Além de não poder vir todo dia à lan house, a conexão é tão lenta que tenho que ficar me lembrando toda hora que esse computador não é meu e consequentemente não dar uma porrada nele. Já a Flávia, no trabalho, tem uma internet melhor e tem mais tempo para acessá-los. Aqui no município ainda não tem internet disponível para as casas, mas dizem que em breve haverá. Tomara!
Fica aqui uma mensagem que um amigo da Flávia escreveu pra nós antes de virmos e que vejo que ela é muito verdadeira: “ Vocês podem até sair de Minas, mas minas não vai sair de vocês”.
Grande abraço
Wendell Fabrício
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Os primeiros dias no Pará
Mineiros chegando em Belém
Saímos de Belo Horizonte no fim da madrugada do dia 14 de janeiro, quinta-feira. O vôo fazia uma conexão em Guarulhos-SP e então partia para Belém, capital do Pará. Chegamos em Belém por volta das 14h no horário local (aqui não se adota o horário de verão). Ao descer do avião já senti um susto com o calor absurdo que faz. Almoçamos e pegamos um taxi para a casa da Natasha, uma colega estudante de geologia que conheci pela internet. Ela havia oferecido nos hospedar em sua casa em Belém, até seguirmos viagem para Muaná, cidade em que estamos morando. Além do mais, precisávamos ficar em Belém pelo menos um dia devido a um encontro meu, marcado com um geólogo professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Precisávamos também comprar algumas coisas para a nossa casa em Muaná.
Fomos muito bem acolhidos na casa da Natasha. Após chegarmos, conversamos por um bom tempo com ela e seu namorado (também geólogo) sobre a universidade e também sobre o município. Logo depois saímos para conhecer um pouco de Belém e andamos bastante a pé. Conhecemos alguns órgãos administrativos, igrejas e pontos turísticos. Belém é uma cidade bastante movimentada, mas bem diferente de Belo Horizonte. Durante o passeio, aprendemos bastante sobre como as coisas funcionam em Belém como transporte, violência urbana, pontos de compras, entretenimento e etc. Comemos uma comida típica daqui e de origem indígena chamada Tacacá (é uma espécie de caldo amarelo tomado numa cuia). Ele tem uma folha que deixa a boca dormente e alguns camarões inteiros boiando.
Chegamos muito cansados, não só pelo passeio, mas também pela viagem e pelas poucas horas dormidas na noite anterior. Ganhamos emprestado um ventilador para colocar em nosso quarto, para combater o calor. Graças a Deus a Flávia tinha comprado um cortinado em BH, pois havia também muitos mosquitos (aqui chamam de carapanã) e nós improvisamos o nosso cortinado num gancho de rede. Mesmo assim acordamos suados e picados.
No outro dia acordamos cedo e fomos para UFPA, onde conversei com o professor que possivelmente irá me orientar no mestrado nesta universidade. Realizei, inclusive, minha inscrição. À tarde saímos pela região central de Belém para comprar algumas coisas básicas para a nossa casa, mas estava difícil. Nenhuma loja faz entrega em Muaná. Eles nem cogitavam entregar aqui e até riam quando perguntávamos. Em uma loja de colchão, conseguimos que entregassem no porto, onde pegaríamos o barco no dia seguinte para Muaná. Ao menos já teríamos onde deitar... Algumas outras coisas compramos numa Loja Americanas através do site da loja. Um vendedor local garantiu que eles entregam em Muaná, mas o prazo era 31 dias úteis, devido à distância. Compramos uma geladeira, uma maquina de lavar e uma TV. O fogão e dois ventiladores nós ganhamos de presente e chegaria direto também. Vai ser um pouco difícil esperar as coisas chegarem, mas parece que vai ser bem legal “nos virarmos” com poucas coisas. Estamos felizes com isso.
Após as compras, acabamos tomando uma chuva muitíssimo forte, o que dizem ser comum por aqui. Tentamos nos abrigar numa banca, mas a ventania não nos deixou ficar secos. Molhados, fomos então para a casa da Natasha e já eram cerca de 19:30h. Tomamos banho e saímos novamente. Pegamos um ônibus errado e, como se não bastasse, o cobrador esqueceu de nos avisar para descer e fomos parar bem mais longe. Tivemos que pegar outro ônibus para voltar e depois mais um pra ir pra casa. Comemos uns pasteis de carne de sol desfiada e a Flávia tomou suco de cupuaçu. O suco é grosso, forte e um pouco azedo, mas gostoso.
O outro dia era o de pegar o barco em Belém e ir para Muaná. Saímos cedo de casa em direção ao porto, mas o barco só saiu às 11h. Estávamos muito eufóricos pela viagem. Ajeitamos nossas malas numa espécie de camarote. O camarote é um pouco mais caro (R$30,00 cada), pois não tínhamos redes para viajar. Nele tinha duas caminhas. O barco se chama Bom Jesus e transporta cerca de 150 pessoas. Foi engraçado ver que tudo que tínhamos estava naquele minúsculo camarote de barco. 2 Mochilas grandes, uma média e três pequenas. Nas mochilas tinham roupas, livros e coisas que ganhamos no casamento. Tinha também uma caixa de papelão com panelas, uma cafeteira, uma garrafa de café e dois travesseirinhos... Já o nosso colchão novo foi no porão do barco.
A viagem de barco para Muaná
A viagem durou pouco mais de 6 horas. Foi um momento muito especial em nossas vidas porque ela tinha um sentido muito maior que uma simples viagem. Estamos mudando de vida, nos isolando num local muito desconhecido no interior da floresta amazônica, onde só se vê, água e selva. Tudo é muito diferente e é difícil acreditar que estamos ainda no Brasil. A saída de Belém representava também uma abdicação do conforto das metrópoles urbanas para viver uma aventura certamente imprevisível. Pensei algumas vezes durante a viagem: “Agora é pra valer. O que planejamos os últimos 60 dias estava realmente acontecendo”.
A paisagem é meio assustadora pra nós pela grande quantidade de água nos rios, onde, durante uma parte da viagem não se vê as margens. Este mundo é realmente muito vasto e somos muito pequenos perante a soberania da natureza. É um sentimento indescritível. Marquei algumas coordenadas com o GPS e em breve farei um mapa da rota que fizemos.
A chegada em Muaná foi muito legal e a primeira coisa que pensei quando o barco ancorou no porto daqui foi que “essa agora é a minha cidade.”
Muaná
Quando chegamos e desembarcamos, pagamos um carregador para levar nossa mudança para a nossa casa. A Flávia foi buscar a chave enquanto eu ajudava a carregar as coisas para o carrinho do carregador. Esse foi nosso caminhão de mudança...
Nos instalamos e logo fomos andar pela cidadezinha. Muaná é como se fosse uma vila. A cidade é confinada por rios e a maioria das casas são feitas nos igarapés, ficando suspensas sobre a água. A cidade é formada por porções pequenas de terra firme circundadas por água. Passa um rio bem grande aqui, mas não tão grande quanto os que dão acesso à cidade. O povo é bastante hospitaleiro e quase não aparecem pessoas de fora. Somos os únicos mineiros em Muaná.
Mesmo com o calor que faz, não é muito fácil tomar banhos frios. Apesar de que nem adianta reclamar porque aqui não tem chuveiro elétrico. O calor daqui é bem diferente porque é associado a altas umidades, produzindo uma sensação de estar em uma sauna. A população daqui, contudo, é bem adequada com o calor. Um detalhe interessante é que aqui o comércio fecha das 12 às 16h. Está um pouco difícil conviver com este calor, estou tomando por volta de três banhos por dia. Muitos lugares têm ar condicionado, mas não creio que seja muito bom pra saúde devido ao choques térmicos sofridos ao sair de um lugar frio. As lentes dos óculos até embaçam.
Tem muitos insetos por aqui. Tem a maioria dos insetos que temos e Minas Gerais, porém de tamanho muito maior. Bom, deve ser mesmo verdade que dizem que a Amazônia tem a maior biodiversidade da Terra.
No domingo, fomos convidados para almoçar numa casa ás margens do Rio Grande. A base da alimentação daqui é o açaí. As pessoas comem açaí em todas as refeições em substituição do arroz e feijão. Nas refeições, o açaí é servido em tigelas, onde se mistura farinha e açúcar. O restante da refeição (basicamente carne e farinha) se como no prato. Por incrível que pareça, eu já me adaptei e acho que dificilmente sentirei falta do arroz com feijão diário. Já a Flávia não come ainda açaí nas refeições grandes (almoço e jantar), mas ela sempre consegue um pouco de arroz e até feijão.
Fomos muito bem recebidos na casa, onde havia várias pessoas. Comemos muito bem dois tipos de peixe, assado e frito. Conversamos bastante e conhecemos uma parte do município de barco. Nadei um pouco no rio. Foi muito agradável. Nos fez querer encontrar uma casa para morar junto ao rio e já estamos analisando os lugares possíveis.
Enfim, está sendo uma bela aventura. Doeu um pouco estar deixando as pessoas que amamos para trás. Às vezes choramos um pouco, mas não estamos arrependidos, pelo contrário, estamos muito felizes porque percebemos que vamos crescer muito aqui. Não se preocupem, estamos bem e felizes.
OBS 1: NÃO ESTOU CONSEGUINDO COLOCAR UMAS FOTOS AQUI DEVIDO À VELOCIDADE DA INTERNET. VAMOS TENTAR ADQUIRIR UMA INTERNET PRA NOSSA CASA, MAS AINDA NÃO SABEMOS MUITO BEM COMO. ALGUMAS FOTOS TENTAREI COLOCAR NO ORKUT, MAS ACHO QUE NÃO CONSEGUIREI HOJE.
OBS 2: NOSSO TELEFONE AQUI É (91)9158 8889. ELE É DA VIVO E TEMOS UNS BONUS DE MENSAGENS PARA TODO O BRASIL.
Um abraço
Wendell Fabrício
18/01/2010
Saímos de Belo Horizonte no fim da madrugada do dia 14 de janeiro, quinta-feira. O vôo fazia uma conexão em Guarulhos-SP e então partia para Belém, capital do Pará. Chegamos em Belém por volta das 14h no horário local (aqui não se adota o horário de verão). Ao descer do avião já senti um susto com o calor absurdo que faz. Almoçamos e pegamos um taxi para a casa da Natasha, uma colega estudante de geologia que conheci pela internet. Ela havia oferecido nos hospedar em sua casa em Belém, até seguirmos viagem para Muaná, cidade em que estamos morando. Além do mais, precisávamos ficar em Belém pelo menos um dia devido a um encontro meu, marcado com um geólogo professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Precisávamos também comprar algumas coisas para a nossa casa em Muaná.
Fomos muito bem acolhidos na casa da Natasha. Após chegarmos, conversamos por um bom tempo com ela e seu namorado (também geólogo) sobre a universidade e também sobre o município. Logo depois saímos para conhecer um pouco de Belém e andamos bastante a pé. Conhecemos alguns órgãos administrativos, igrejas e pontos turísticos. Belém é uma cidade bastante movimentada, mas bem diferente de Belo Horizonte. Durante o passeio, aprendemos bastante sobre como as coisas funcionam em Belém como transporte, violência urbana, pontos de compras, entretenimento e etc. Comemos uma comida típica daqui e de origem indígena chamada Tacacá (é uma espécie de caldo amarelo tomado numa cuia). Ele tem uma folha que deixa a boca dormente e alguns camarões inteiros boiando.
Chegamos muito cansados, não só pelo passeio, mas também pela viagem e pelas poucas horas dormidas na noite anterior. Ganhamos emprestado um ventilador para colocar em nosso quarto, para combater o calor. Graças a Deus a Flávia tinha comprado um cortinado em BH, pois havia também muitos mosquitos (aqui chamam de carapanã) e nós improvisamos o nosso cortinado num gancho de rede. Mesmo assim acordamos suados e picados.
No outro dia acordamos cedo e fomos para UFPA, onde conversei com o professor que possivelmente irá me orientar no mestrado nesta universidade. Realizei, inclusive, minha inscrição. À tarde saímos pela região central de Belém para comprar algumas coisas básicas para a nossa casa, mas estava difícil. Nenhuma loja faz entrega em Muaná. Eles nem cogitavam entregar aqui e até riam quando perguntávamos. Em uma loja de colchão, conseguimos que entregassem no porto, onde pegaríamos o barco no dia seguinte para Muaná. Ao menos já teríamos onde deitar... Algumas outras coisas compramos numa Loja Americanas através do site da loja. Um vendedor local garantiu que eles entregam em Muaná, mas o prazo era 31 dias úteis, devido à distância. Compramos uma geladeira, uma maquina de lavar e uma TV. O fogão e dois ventiladores nós ganhamos de presente e chegaria direto também. Vai ser um pouco difícil esperar as coisas chegarem, mas parece que vai ser bem legal “nos virarmos” com poucas coisas. Estamos felizes com isso.
Após as compras, acabamos tomando uma chuva muitíssimo forte, o que dizem ser comum por aqui. Tentamos nos abrigar numa banca, mas a ventania não nos deixou ficar secos. Molhados, fomos então para a casa da Natasha e já eram cerca de 19:30h. Tomamos banho e saímos novamente. Pegamos um ônibus errado e, como se não bastasse, o cobrador esqueceu de nos avisar para descer e fomos parar bem mais longe. Tivemos que pegar outro ônibus para voltar e depois mais um pra ir pra casa. Comemos uns pasteis de carne de sol desfiada e a Flávia tomou suco de cupuaçu. O suco é grosso, forte e um pouco azedo, mas gostoso.
O outro dia era o de pegar o barco em Belém e ir para Muaná. Saímos cedo de casa em direção ao porto, mas o barco só saiu às 11h. Estávamos muito eufóricos pela viagem. Ajeitamos nossas malas numa espécie de camarote. O camarote é um pouco mais caro (R$30,00 cada), pois não tínhamos redes para viajar. Nele tinha duas caminhas. O barco se chama Bom Jesus e transporta cerca de 150 pessoas. Foi engraçado ver que tudo que tínhamos estava naquele minúsculo camarote de barco. 2 Mochilas grandes, uma média e três pequenas. Nas mochilas tinham roupas, livros e coisas que ganhamos no casamento. Tinha também uma caixa de papelão com panelas, uma cafeteira, uma garrafa de café e dois travesseirinhos... Já o nosso colchão novo foi no porão do barco.
A viagem de barco para Muaná
A viagem durou pouco mais de 6 horas. Foi um momento muito especial em nossas vidas porque ela tinha um sentido muito maior que uma simples viagem. Estamos mudando de vida, nos isolando num local muito desconhecido no interior da floresta amazônica, onde só se vê, água e selva. Tudo é muito diferente e é difícil acreditar que estamos ainda no Brasil. A saída de Belém representava também uma abdicação do conforto das metrópoles urbanas para viver uma aventura certamente imprevisível. Pensei algumas vezes durante a viagem: “Agora é pra valer. O que planejamos os últimos 60 dias estava realmente acontecendo”.
A paisagem é meio assustadora pra nós pela grande quantidade de água nos rios, onde, durante uma parte da viagem não se vê as margens. Este mundo é realmente muito vasto e somos muito pequenos perante a soberania da natureza. É um sentimento indescritível. Marquei algumas coordenadas com o GPS e em breve farei um mapa da rota que fizemos.
A chegada em Muaná foi muito legal e a primeira coisa que pensei quando o barco ancorou no porto daqui foi que “essa agora é a minha cidade.”
Muaná
Quando chegamos e desembarcamos, pagamos um carregador para levar nossa mudança para a nossa casa. A Flávia foi buscar a chave enquanto eu ajudava a carregar as coisas para o carrinho do carregador. Esse foi nosso caminhão de mudança...
Nos instalamos e logo fomos andar pela cidadezinha. Muaná é como se fosse uma vila. A cidade é confinada por rios e a maioria das casas são feitas nos igarapés, ficando suspensas sobre a água. A cidade é formada por porções pequenas de terra firme circundadas por água. Passa um rio bem grande aqui, mas não tão grande quanto os que dão acesso à cidade. O povo é bastante hospitaleiro e quase não aparecem pessoas de fora. Somos os únicos mineiros em Muaná.
Mesmo com o calor que faz, não é muito fácil tomar banhos frios. Apesar de que nem adianta reclamar porque aqui não tem chuveiro elétrico. O calor daqui é bem diferente porque é associado a altas umidades, produzindo uma sensação de estar em uma sauna. A população daqui, contudo, é bem adequada com o calor. Um detalhe interessante é que aqui o comércio fecha das 12 às 16h. Está um pouco difícil conviver com este calor, estou tomando por volta de três banhos por dia. Muitos lugares têm ar condicionado, mas não creio que seja muito bom pra saúde devido ao choques térmicos sofridos ao sair de um lugar frio. As lentes dos óculos até embaçam.
Tem muitos insetos por aqui. Tem a maioria dos insetos que temos e Minas Gerais, porém de tamanho muito maior. Bom, deve ser mesmo verdade que dizem que a Amazônia tem a maior biodiversidade da Terra.
No domingo, fomos convidados para almoçar numa casa ás margens do Rio Grande. A base da alimentação daqui é o açaí. As pessoas comem açaí em todas as refeições em substituição do arroz e feijão. Nas refeições, o açaí é servido em tigelas, onde se mistura farinha e açúcar. O restante da refeição (basicamente carne e farinha) se como no prato. Por incrível que pareça, eu já me adaptei e acho que dificilmente sentirei falta do arroz com feijão diário. Já a Flávia não come ainda açaí nas refeições grandes (almoço e jantar), mas ela sempre consegue um pouco de arroz e até feijão.
Fomos muito bem recebidos na casa, onde havia várias pessoas. Comemos muito bem dois tipos de peixe, assado e frito. Conversamos bastante e conhecemos uma parte do município de barco. Nadei um pouco no rio. Foi muito agradável. Nos fez querer encontrar uma casa para morar junto ao rio e já estamos analisando os lugares possíveis.
Enfim, está sendo uma bela aventura. Doeu um pouco estar deixando as pessoas que amamos para trás. Às vezes choramos um pouco, mas não estamos arrependidos, pelo contrário, estamos muito felizes porque percebemos que vamos crescer muito aqui. Não se preocupem, estamos bem e felizes.
OBS 1: NÃO ESTOU CONSEGUINDO COLOCAR UMAS FOTOS AQUI DEVIDO À VELOCIDADE DA INTERNET. VAMOS TENTAR ADQUIRIR UMA INTERNET PRA NOSSA CASA, MAS AINDA NÃO SABEMOS MUITO BEM COMO. ALGUMAS FOTOS TENTAREI COLOCAR NO ORKUT, MAS ACHO QUE NÃO CONSEGUIREI HOJE.
OBS 2: NOSSO TELEFONE AQUI É (91)9158 8889. ELE É DA VIVO E TEMOS UNS BONUS DE MENSAGENS PARA TODO O BRASIL.
Um abraço
Wendell Fabrício
18/01/2010
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